sexta-feira, 27 de março de 2009

Pequena opinião sobre "Marley & Eu" (ou Cachorros. Sempre eles...)


Sabe, eu tenho um cachorro. Um daschund - conhecido no Brasil como "salsichinha" - que é aqueles orelhudos e que, segundo alguns estudos, é um dos cães mais ciumentos do mundo. Eu o ganhei de um dos meus melhores amigos em idos de 2005, e lembro até hoje de como ele chegou na minha casa: saímos eu e Fellipe (o tal amigo) da casa dele, que fica a uns 10 minutos da minha casa, se for de bicicleta. Como estávamos de bike, eu peguei a minha mochila, passei tudo o que tinha dentro dela pra mochila do Fellipe e coloquei o cachorro dentro. Sem fechar, claro. E fomos os três, andando pela Marginal dos Cavalos, e o cãozinho com a cabeça pra fora da mochila e babando em mim. Assim que cheguei em casa, chamei minha irmã, cujo sonho era ter um cachorro dessa raça. Ela veio pra rua, e assim que abriu a mochila e viu o filhotinho lá, tremendo, com aquela cara de perdido que sustenta até hoje, ela pegou. E não largou mais. Tanto que hoje em dia esse cachorro é tratado melhor do que qualquer outro membro da familia. É o xodó, o queridinho, aquele que chama atenção por causa das confusões que arruma e da cara de quem não fez nada por querer. Ele se chama Alonzo. Mas bem que poderia se chamar Marley.

Vi ontem o filme baseado no livro - que ainda não li - de John Grogan, um colunista de jornal norte-americano. Fala das experiências dele e de sua esposa quando resolveram ter um bichinho de estimação, um cãozinho dócil e tranquilo, para alegrar a casa dos recém-casados; e acabaram escolhendo um labrador, a quem deram o nome de Marley - homenagem direta de John a Bob Marley. E o nervo central, tanto do filme quanto do livro, é a vida desse cão, que de tanto quebrar objetos e comer tudo o que encontra pela frente, desde móveis até paredes (!!!), mas que acaba provando para a família Grogan, através dos anos, que nada é mais bonito do que o amor incondicional que um cão dá a seus donos. Somente quem mantém um bicho desses em casa sabe como é.

E é uma história agridoce, engraçada mas também faz chorar (acho que todos, mesmo sem precisar assistir o filme, sabem o que acontece, mas ainda assim não falo). Owen Wilson e Jennifer Aniston se saíram bem mesmo com as ressalvas que tenho contra o primeiro, assim como Alan Arkin, um ator que eu aprecio muito, está num papel muito agradável e que combinou bem com ele. Fora a participação da sumidissima Kathleen Turner, toda descabelada, numa das cenas mais engraçadas de toda a projeção. No fim, os atores conseguiram passar a mensagem pretendida, e isso é uma dádiva hoje em dia, de produções cada vez mais comerciais e consequentemente medíocres.

Mas o astro é mesmo o(s) cão(es) que fizeram as vezes de Marley nas diversas fases de sua vida, até a velhice. Não sei onde David Frankel, diretor do filme, arrumou labradores tão arteiros*, mas acertou. Assim como acertou a mão na direção do filme todo, mesmo que tenha ficado com uma duração um pouco maçante e por isso pode cansar em determinados momentos. Mas no geral, saiu-se bem, até o emocionante final, no qual assumo ter chorado feito uma criança, coisa que não acontecia desde que vi "Peixe Grande", de Tim Burton, no cinema.

No fim de tudo, como eu já disse anteriormente, somente quem tem ou teve um cachorro, gato, papagaio, calopsita, hamster, tartaruga, porquinho-da-índia ou qualquer outro bicho no qual se apegou vai se emocionar de verdade com a história. Quem nunca teve nada disso vai ver o filme e torcer para não ter nenhum animal de estimação. A gente se apega muito neles, eu sei disso como ninguém, não vivo sem o Alonzo, que até viaja comigo de vez em quando. Sinto saudades dele quando estou fora, e de todos os outros cães e gatos que tive na vida, pois nada no mundo dá tanto amor sem pedir muito em troca do que eles. Sobretudo os cães, pois acredito que eles são a prova de que existe amor sincero. E ponto final.




* minha avó, dona Hilda, ficaria muito feliz se lesse meus textos e visse que uso as expressões que ela usa no cotidiano dela e usava para me taxar quando era criança, há!