quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Aviso:

Por causa da falta de tempo que meu trabalho tá me impondo - quem trabalha em indústria e convive com horas extras fora de hora sabe do que eu falo, infelizmente - essa semana eu fico sem postar. Mas até sábado, estarei de volta, tenho o meme da Miriam pra terminar, rs. Abraço!

sábado, 13 de setembro de 2008

O Cinema e a Música - Parte I



Quantos musicais você conhece? Provavelmente dá para contar nos dedos da mão, certo? E mais provavelmente ainda dá pra contar nos dedos de uma mão só. São pouco conhecidos, pouco divulgados, mas isso apenas nessa nossa 'era moderna'. Há alguns anos atrás, o gênero musical cinematográfico era um dos maiores filões dos estúdios.

O maior expoente de uma fase áurea desse tipo de filme, nas primeiras décadas do cinema a cores, é Cantando na Chuva, com Gene Kelly. A cena em que ele canta e dança com seu guarda-chuvas a música-tema do filme está na História do cinema. Mas você, caro leitor, já parou para pensar que Singin' in The Rain é um marco na história da música? Vendeu horrores, e até hoje é lembrada. Mas não como música, isoladamente. Mas sim pela seqüencia acoplada a cena do filme.

Mais à frente, nos anos 70, temos, entre outros famosos musicais, as famosas 'óperas-rock', e o maior representante desse gênero na sétima arte foi Tommy. Dirigido por Ken Russell, o filme é baseado na música do mesmo nome, do grupo The Who. É uma época de grandes transformações no imaginário cultural no mundo todo, e tanto na tela grande quanto no toca-discos conseguiram captar a essência de toda aquela efervecência à flor da pele. Era a época do 'glam', do ousado, como David Bowie, Queen, entre outros. No cinema, filmes como o já citado Tommy, Woodstock - O Filme, e o maior clássico da época: Os Embalos de Sábado a Noite, que pertence a metade final da década, e que trouxe o aure à era disco e a (praticamente) descoberta de Bee Gees, Gloria Gaynor, ABBA e outros.

Nos anos 80, os filmes musicais saíram de cena, praticamente deixando de ser produzidos. Vieram então as trilhas sonoras, dando ênfase a uma determinada canção de um filme. Bons exemplos estão em Ghostbusters, de Ray Parker Jr., trilha do filme Os Caça-Fantasmas; Glory of Love, do grupo Chicago, tema de Karatê Kid; La Bamba, de Ritchie Valens, do filme La Bamba... entre tantos outros, isso sem contar as trilhas propriamente ditas, de maestros como John Williams, Jerry Goldsmith, e o aparecimento de novos nomes como os de Danny Elfman, Randy Newman, James Newton Howard, etc.

Os anos 90 continuaram no mesmo caminho, tendo em trilhas como a de Ghost - Do Outro Lado da Vida (Unchained Melody, canção que se tornou imortal com The Righteous Brothers), Titanic (My Heart Will Go On, de Céline Dion), O Sonho Não Acabou (That Thing You Do, do The Wonders), e nas composições orquestradas em filmes como Amistad, Forrest Gump, entre outros, o maior expoente musical dentro di cinema. Isso até a chegada de Moulin Rouge - Amor em Vermelho, filme dirigido com maestria por Baz Luhrmann com Nicole Kidman e Ewan McGregor no elenco. Esse filme trouxe de volta, por um breve momento, uma certa fase nostálgica quanto aos musicais, tendo músicas memoráveis como A Fool to Believe, Come What May, entre outros. Nessa fase, o auge veio com o musical Chicago, que em 2002 arrebatou 5 prêmios Oscar, incluindo o de Melhor Filme. Dirigido por Rob Marshall e tendo como protagonistas Renèe Zellwegger, Catheine Zeta-Jones, Richard Gere, a canção-tema I Move On é considerada um marco desse estilo, alçando o filme para o status de obra indispensável, e o CD com sua trilha sendo obrigatório para qualquer amante de música.

Hoje em dia, o gênero novamente saiu de moda, dando-se mais importância às músicas que compõem a trilha sonora. Mas o mais importante é constatar que a magia do cinema não funciona sem uma trilha adequada, que nos transporte para a emoção das cenas, e para que nós possamos nos divertir e nos deleitar com as jóias que sempre aparecem desse gênero.

domingo, 7 de setembro de 2008

A volta de Rambo - e desse texto também




"Os filmes de ação atuais sempre me pareceram muito modorrentos. Com a exceção da trilogia Bourne - e em especial os dois últimos, dirigidos pelo extremamente competente Paul Greengrass - nenhum outro filme me chamou muito a atenção. Eis que de repente, nosso querido bombadão Michael Sylvester Gardênzio Stallone resolve voltar à ativa, 'ressucitando' velhos ícones do passado. Começou no ano passado com o quinto filme da série Rocky (cujo primeiro filme, escrito e estrelado por ele, lhe rendeu sua única indicação ao Oscar de Melhor Ator e outra para seu roteiro), que até que foi bem recebido pela crítica. Mas quando ele anunciou estar trabalhando na volta do ex-boina verde John Rambo, os marmanjões fissurados em violência descerebrada ficaram todos arrepiados: um ícone estava para voltar!

E hoje esses saudosistas, somados a nova geração que não conhecia a saga 'rambolística', estarão sentados nos cinemas brasileiros prontos para uma sessão de pancadaria, sangue e táticas extremas de guerra. Pois muito bem, como humilde mortal conhecedor dos filmes estrelados pelo personagem durante os anos 80 (não que eu seja velho, mas meu irmão maior é fanático por Rambo), fui conferir e trago agora as minhas impressões. Os fãs podem ficar tranqüilos, pois o filme vai agradá-los em cheio: sanguinolento, violento, que prende mesmo."


Os dois parágrafos aí de cima eu escrevi em fevereiro, muito antes de começar a pensar neste blog. Eu estava na minha época de hiato, de crise criativa, fiquei tempos sem terminar um texto. Como esse. E durante esse tempo, vim retocando esses parágrafos, sem terminar o texto. O fato é que eu tinha me empolgado com Rambo IV, quando o vi no cinema e tenho medo de minha própria empolgação. Passado tanto tempo, revi o filme e, surpresa!, continuei empolgado.

Eu sei que muita gente torce o nariz para a série do Rambo, e para o próprio Stallone, que de tanto dormir ao lado da própria fama, acabou se acostumando e mergulhando em projetos ridículos que em nada lembram o grandioso e inspirador Rocky, vencedor do Oscar de Melhor Filme. Mas não tem como negar que essa volta veio em boa hora. Depois de reviver seu melhor personagem em Rocky Balboa, Stallone resolveu partir pra guerra. Meteu o Rambo lá no meio do mato em Birmânia e deu a ele uma alegre coloração avermelhada. Do sangue de seus inimigos.

Assistir a essa hora e meia de filme não remete em nada aos filmes anteriores (tirando o pioneiro, todos fracos). Este aqui é praticamente um massacre, coisa pra gente de estômago forte. E nunca achei que Stallone voltasse a ter sucesso como diretor. Como roteirista ele é medíocre, na minha opinião, só acertando com Rocky I; mas na direção ele simplesmente me surpreendeu. A primeira meia hora é composta de explicações nem sempre inteligentes ou pertinentes, mas logo depois ele aceitar o seu destino (frase clichê de hoje), começa o banho. E é isso que diverte. Até pelo fato de ser tecnicamente estonteante, muito bem feito. Expõe a guerra com coragem, mostrando o infanticídio, o genocídio, a pedofilia em regiões pobres, como a citada Birmânia. É aterrorizante. E nada como ver John Rambo acabando com um exército inteiro sozinho, arrancando o pescoço de um indefeso soldado usando apenas as mãos, fazendo coisas que nem McGyver sonhou fazer.

Logicamente, há limitações. O Rambo está velho e com a cara caída (dizem que é por causa dos hormônios que ele tomou para se preparar para o filme, vai saber...), a história tem buracos maiores do que os das estradas do interior de São Paulo, mas fã que é fã nem liga pra essas coisas, que se tornam ralos quando o herói entra em ação. Eu, particularmente adorei. Vi algumas vezes e pretendo ver mais outras. E nem é só pela crueza e maestria com que Stallone conduz seu personagem e o filme como um todo, mas sim porque até mesmo essas nostalgias nos faz bem, é sempre bom rever personagens marcantes retornando. Mesmo que isso evidencie a falta de criatividade na qual Hollywood está mergulhada nos dias de hoje.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Crazy Little Thing Called Love, in Paris



"Ama-me menos,
mas me ame por muito tempo".


No fundo, eu sou um sentimental. Desde pequeno que eu sempre fico paralisado a ver filmes assim, um tanto quanto românticos, apesar de dizer, numa conversa há poucos dias com um amigo meu, que não consigo mais ver os romances água-com-açúcar hollywoodianos, daqueles estrelados pela Meg Ryan, sabe quais são? Então. Mas se passa Cidade dos Anjos eu páro o que estiver fazendo. Logo, sou uma contradição. Até mesmo em expôr sentimentos: por fora sou reservado, fechado para demonstrar afeto, como bom descendente de alemães. Mas há uma mistura de paixão espanhola com o sentimento forte italiano. Herança do Sampaio (espanhol) Oliveira (português, que nada tem a ver com a história) que tá na minha certidão de nascimento.

Disse tudo isso porque hoje, em minha folga de meio-de-semana, eu resolvi botar a rodar no DVD um filme que me foi enviado, pelo correio, pelo sábio Renato, grande pessoa. Eu estive uma semana inteira sem ter tempo nem pra respirar direito, tendo que trabalhar de dia e me virando em reuniões à noite, tentando convencer os candidatos a prefeito daqui a investirem mais na cultura, cinematográfica e teatral. Sendo assim, somente hoje pude conferir o que continha aquele DVD. E, uma hora e meia depois, me sento em frente a este computador. Para falar um pouco do filme, mas para falar de amor também. Culpem Canções de Amor, filme francês dirigido por Christophe Honoré, e que agora figura entre meus musicais favoritos.

Não há como explicar a história sem passar um pouco de spoiler, que você, que lê meu texto agora, me perdoe: tudo começa com um menàge a trois em Paris.

Espere. Tempo.

O sonho de qualquer polígamo é ter um menàge a trois em Paris. Cidade propícia a namorados e a [des]amores. Paris é a cidade-modelo, a cidade fotogenia, fica bem até em filme pornô. Não tem sujeira, não tem nada que fique feio na tela. Até o mendigo, que dorme ao relento, fica bonito nas ruas de Paris. Pronto, falei.

Então. Acontece que, desse triângulo amoroso, uma das partes (é um rapaz e duas moças), uma das moças acaba tendo uma morte súbita. E o filme parte daquela coisa de como lidar com o sentimento de perda e reencontrar o amor. Como diz uma personagem do filme, "cada um lida com a dor à sua maneira". E é. Principalmente quando se trata de assuntos do coração. O amor pode ser a coisa mais bonita do mundo, mas é a mais perigosa, visto que um romance pode dilacerar qualquer bom sentimento que more na alma de alguém. O amor pode destruir, o amor pode acabar com os sonhos e a perspectiva de um bom futuro. Ao mesmo tempo em que pode ser uma coisa maravilhosa, uma coisa linda, uma coisa ótima. No caso aqui, Ismael - esse é o nome do rapaz - acaba encontrando um outro rapaz, gay, e a partir daí sua vida começa a tomar outro rumo, mesmo tendo contato com a família da falecida namorada e com a outra, a terceira parte do triângulo.

Dividido em três momentos ("A Partida", "A Ausência", "O Regresso"), Honoré conseguiu fazer aqui um musical perfeito. Ah, esqueci de informar a quem não sabe, o filme é um musical, com maravilhosas músicas compostas por Alex Beaupain, vale procurar na internet) e com um ar que lembra muito a nouvelle vague. Fora a coragem de expôr temas tão díspares (poligamia, relacionamentos homossexuais e bissexuais, etc) com uma leveza de espírito que nem o mais recatado conservador resiste. E é concebido com poesia pelo diretor Honoré, que usa com sabedoria as paisagens naturalmente cinematográficas da cidade-luz, com a ajuda, claro, do diretor de fotografia Rémy Chevrin, que faz um trabalho acinzentado e nebuloso, como pede o enredo. É bonito e pronto.

Não há, em Canções de Amor, um momento em que você não acredite na verdade das situações. Muita gente se pergunta: "É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?" ou "Será que alguém, hétero, pode sentir atração, um dia, por um homem?". Nesse filme, essas perguntas, carregadas de preconceito embutido, não existem; assim como na vida. Porque no coração ninguém manda, as coisas acontecem e fluem naturalmente, sem forçar. E essa é a beleza do filme em questão, pois acreditamos que todas aquelas cenas poderiam estar acontecendo ali, na casa do vizinho. Ou mesmo no quarto ao lado. Por que não?

E, claro, um filme falado e cantado em francês tem seus encantos, é quase impossível resistir. Fazia um tempo que eu não via cinema francês, o último que tinha visto foi Medos Privados em Lugares Públicos (de Alain Resnais, e é um porre). Foi uma grata surpresa ter recebido esse DVD em casa, ainda mais no momento delicado que venho enfrentando na vida pessoal; e, para me ajudar até nisso, a frase-ícone do filme virou o epípeto desse meu texto.

E, só pra encerrar, Canções de Amor me fez ver que não há coisa mais bonita, coisa mais louca e mais bela do que esse coisinha doida chamada amor, que mais parece uma reação alérgica: ao sentir pela primeira vez, você sabe que vai passar por aquilo pelo resto da vida, querendo ou não.

Canções de Amor
(Les Chansons D'Amour)
Musical, 2007
Roteiro e direção de Christophe Honoré
Elenco: Louis Garrel, Ludvine Sagnier, Chiara Mastroianni, Clotilde Hesme, Gregóire Leprince-Ringuet
Música e Letras de Alex Beaupain
Direção de Fotografia por Rémy Chevrin

Montagem por Chantal Hymans

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Crônica Sentimental sobre Wall-E




Antes de começar o texto de hoje, eu peço para que percebam que agora esse blog tem um "header" (será que é assim que se escreve?) novinho. Foi obra do Mathews, que fez esse layout pra mim visto que eu estava usando aquele preto-básico que o Blogspot fornece. E é interessante que os filmes que estão na imagem são dos meus preferidos, incluindo os dois principais e essenciais. Um doce pra quem adivinhar quais são.

Mas então, ao texto. Como já deve ter virado uma rotina, eu escrevo mais sobre as memórias que algum filme evoca na minha cabeça, ou seja, sou um saudosista de primeira grandeza. E sou mesmo. Somente duas coisas fazem acender lembranças fortes no ser humano: a música e o cinema. Todo mundo tem o filme marcante, a música que lembra determinada época da vida, não é mesmo?

E eu queria falar de muitos filmes e até de algumas músicas. Mas não vou fazer isso porque ninguém teria paciência para ler uma lista com dezenas de filmes e mais algumas dezenas de músicas, tudo comentado. E para não parecer um antigão, daqueles que vivem presos ao passado, vou (tentar) escrever sobre as impressões que um certo filme novo me deu, mas que eu tenho a mais absoluta certeza de que vai ficar em mim pro resto dessa minha vida besta.

Trata-se do filme vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2009, Wall-E.

Aí você, que me lê, estranha: como é que esse cara já vai anunciando o vencedor da categoria do ano que vem? Simples: é porque não há concorrência. Aliás, desde Procurando Nemo não se tinha tanta certeza da vitória de um filme nessa categoria, nem mesmo Ratatouille era tão garantido. É porque Wall-E é um clássico instantâneo. Coincidência (ou não), o diretor é Andrew Stanton, o mesmo que emocionou o mundo usando apenas um peixe ranzinza e uma "peixa" com perda de memória recente.

O robozinho, que foi deixado para limpar a Terra depois dos humanos terem deixado o planeta na mais absurda inutilidade, é talvez um dos personagens mais carismáticos que já apareceu nas telas do cinema. E nem precisa de linhas de diálogo - que fantástico! Sua expressão, o olhar que evoca uma ternura daquelas que os gatos dão na gente (será que estou me fazendo entender?) responde muito mais do que centenas de diálogos escrachados de um personagem de Shrek. É simplesmente perfeito, é dificil de botar em palavras o que dizer de Wall-E. Nem meu cachorro, Alonzo (um daschund daqueles de deixar qualquer um de queixo caído, modéstia à parte) é tão fofo e terno como ele. E isso já ganha metade do filme.

A outra está ganha no enredo: o filme tem a mensagem ecologicamente correta sem ser piegas ou demagógica, está tudo ali implícito, não precisa vir nenhuma personagem dizer "Olha o que vocês fizeram com esse planeta tão lindo...". A solidão, a devastação que as imagens do filme causam impacto por si só. Impossível não se comover. E se não bastasse, aparece Eva, a "robozinha" por quem Wall-E se apaixona e que, juntos, tem as melhores cenas, das tentativas de namoro dos dois. Fantástico.

Como se vê, não estou conseguindo economizar adjetivos e nem pautar meu texto numa ordem racional, é bem guiado pelo que eu sinto mesmo, diferente dos outros, mais "cabeça". É que, quando se mexe na emoção, a gente perde o controle da situação, cai aquela barreira que nos impede de parecer um cantor de bolero. Assumo. Mas é que eu tenho a mais absoluta certeza de que a Pixar não consegue fazer algo melhor que isso, e que vai ter muito mais do que uma indicação ao Oscar de Animação. Que nada. Muito mais. Pra mim, vai ter indicação a Filme, igualando o bom A Bela e a Fera, de 1992. É um filme belo e poético demais para ficar de fora.

E, como eu havia dito no começo desse texto meio sem pé nem cabeça dessa semana, quando meus filhos e netos me perguntarem o que é que eu estava fazendo em 2008, do que mais me lembro dessa época, eu certamente irei dizer: "Ah, tava passando um desenho tão legal no cinema... vocês precisam ver, é um filme que conta a história de um robozinho que..." e assim por diante. Só desejo que as crianças do futuro saibam aproveitar bem dessa obra-prima e aprender com ela, assim como nós, incautos humanos atuais, também podemos aprender. Até mesmo aprender a amar, como Wall-E e Eve.

sábado, 23 de agosto de 2008

Onde o silêncio é o maior diálogo



Dia desses eu tava lendo algumas coisas sobre o maravilhoso filme de Walter Salles Jr., Central do Brasil. Muitas coisas boas, óbvio, mas alguns absurdos do tipo "Como um filho de banqueiro pode querer falar sobre a pobreza?". Esse é o tipo de preconceito que detona qualquer boa intenção, qualquer boa vontade. Walter Salles é herdeiro do Unibanco, fato, mas isso não impede que ele tenha uma visão de mundo e do Brasil que seja única, mesmo que melancólica. E, se isso for mentira, pelo menos ele tem sensibilidade para filmar com beleza um roteiro muito bem escrito. Precisava começar isso aqui dizendo isso.

Mas uma das coisas que me motivou a escrever esse texto foi a soundtrack do filme, de autoria de Jacques Morelenbaum e Antônio Pinto. Foi assim: estando entediado, resolvi baixar algumas trilhas sonoras que ainda me faltavam e, quando procurava pela trilha que o Alan Silvestri fez para Contato - o filme sobre o qual escrevi semana passada - achei lá o Central do Brasil, como que pedindo para ser escutado. Não pensei duas vezes, "vai esse!", foi o que me passou pela cabeça. E foi mesmo. Ao ouvir os primeiros segundos da primeira música, que é o tema principal, veio tudo aquilo de volta, todo aquele sentimento bonito que eu sinto toda vez que toco o filme no meu DVD ou vejo na TV ou mesmo quando lembro de quando vi pela primeira vez, na Globo, alguns dias depois do Oscar 1999.

Central do Brasil é o tipo de filme que serve de exemplo pra quase tudo. Como cinema é impecável, a direção de Salles é uma coisa que me deixa perplexo até hoje, dez anos depois de ter sido lançado: sempre tenho aquela impressão de que ele não está captando o ator interpretando o papel que lhe cabe, mas sim o sentimento mais profundo do personagem se materializando no rosto do ator. Okay, isso seria a base de qualquer película, mas nesse caso, até as rugas de Fernanda Montenegro querem dizer algo, mostram o sofrimento contido que sua personagem, Dora, já passou por uma vida toda e que agora se renova com a sua segunda chance.

Falando nela, é claro. Fernanda Montenegro, minha atriz brasileira favorita disparada, ganhou esse título pra mim depois que eu vi esse filme. Nunca torci tanto numa premiação do Oscar, nem quando o Fernando Meirelles foi indicado pela direção de Cidade de Deus. A Dora que Montenegro nos entrega nos enoja no início, mas com o passar da projeção, não tem como não simpatizar e sentir pena de toda a penúria que ela passa para ajudar Josué, o moleque que quer encontrar o pai. Jamais que Gwyneth Paltrow teve uma interpretação melhor que ela e que merecesse o Oscar. Pode parecer devaneio de um nacionalista, mas não é, até porque não sou nacionalista. É porque ela realmente merecia ganhar o Oscar de Melhor Atriz. Já o de Filme Estrangeiro, meu coração se dividiu: Roberto Benigni tinha ganho minha alma com o seu A Vida é Bela, tanto que chorei quando ele ganhou o Oscar de Ator naquele ano. Sério. Nessa vida a gente paga cada mico... ainda assim, "buon giorno, principessa" é um bordão que uso com meus amigos até hoje.

O filme gira em torno da viagem que Dora e Josué - Vinícius de Oliveira então baixinho e novinho - fazem pelo Brasil para encontrar o pai do garoto, que acaba de perder a mãe atropelada em frente a Central do Brasil, no Rio, onde Dora escreve cartas para analfabetos. O interessante é perceber que Dora é infeliz, amarga apenas porque acha que a vida passou e que não tem mais como recuperar nada. Josué e a viagem aparecem em sua vida como escape para a sua frustração, e ela acaba por passar por aquelas experiências que todo mundo precisa ter na vida pelo menos uma vez, que é a descoberta de si mesmo. Interessantíssimo.

Eu conheço gente que não gosta do filme. Não sei como não gosta. É lindo de doer, triste de doer, foi o filme nacional definitivo na década de 90. Depois, veio os anos 2000, os "filmes de favela", "cinema verdade", e estamos nessa crueza toda que é até legal, mas tem hora que enjoa. Pra que ver os problemas sociais na tela do cinema sendo que já vemos isso todo dia, no jornal? Basta ligar a televisão. O cinema é um instrumento que podemos usar para viajar em histórias que nos engrandeçam, que nos façam esquecer do nosso cotidiano e que nos inspirem. Nesse quesito, Central do Brasil me parece servir para fazer com que, ao final da projeção, a gente se sinta leve, sabendo que também podemos, como Dora, ter a nossa vez, mesmo que ela possa demorar. Todos tem a sua vez. Basta saber aproveitar a hora certa.

Central do Brasil
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento: 1998
Direção: Walter Salles
Roteiro: João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein
Música: Antônio Pinto e Jacques Morelembaum
Direção de Fotografia: Wálter Carvalho

sábado, 16 de agosto de 2008

Refazendo o Contato




Me lembro perfeitamente de quando tinha SKY em casa, pegava HBO se não me engano. Hoje em dia esses canais são muito mais populares, o acesso a TV por assinatura agora é bem maior do que em 1998, época em que eu tinha a famosa "anteninha". Hoje não tenho mais nada, além do meu DVD com a TV no quarto, porque me recuso a ver os canais, não gosto, perdi a vontade. Mas era legal. Era uma época interessante porque eu tava descobrindo minhas vocações e minhas preferências. Ouvia Legião Urbana como um louco, via quatro filmes por dia e tava começando a minha vida amorosa. Isso com doze anos. Era uma loucura, e eu adorava.

Continuando. Lembro, com igual perfeição, que tinha acabado um filme qualquer na programação do citado canal (filme este que eu não me lembro, he). Aí veio aquela chamadinha sobre o filme que passaria a seguir: era um com a Jodie Foster, que eu conhecia só pelo "O Silêncio dos Inocentes". E era do Robert Zemeckis, diretor de um filme que adoro até hoje, "A Morte Lhe Cai Bem", sem contar "Forrest Gump" e a trilogia "De Volta para o Futuro", clássicos que entram fácil em qualquer lista de viciados em cinema. Me chamou a atenção, resolvi faltar ao treino de futebol pra ficar e ver o filme que, além de tudo, era sobre alienígenas! Pensei "Que legal!" e fiquei. O filme chamava-se "Contato".

E assim que o filme acabou, tive a sensação de ter participado de uma viagem. Uma viagem psicodélica. Na época que era cru em relação a técnicas de cinema, não sabia quase nada. Mas achava o máximo o jeito como o filme tinha sido filmado, e pensava com meus botões que o Zemeckis era um gênio, que o filme era excelente e que era um dos filmes da minha vida.

Passaram-se longos anos até o reencontro. Andando pelas Lojas Americanas (uma das minhas fornecedoras de filmes pra coleção, acho que a maioria compra lá também), dei de cara com o filme a R$12,99. E pronto. Agarrei com as duas mãos e corri pro balcão, junto com os outros dois que eu já tinha escolhido: "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" e "O Sexto Sentido". Cheguei em casa, liguei a televisão e o DVD, botei o disco na bandeja e apertei o botãozinho para fazê-lo entrar no aparelho. E tive, novamente, a sensação de viagem psicodélica que tinha me dominado anos antes.

Existem várias qualidades em "Contato". E a maior delas é a competência da realização e a sinceridade da história. Robert Zemeckis adaptou o livro de Carl Sagan - que eu comprei em 2000 e é um dos meus favoritos - com fidelidade, ao mesmo tempo em que aplicou a sua marca registrada, que é a ousadia. Existem cenas com steadycam que me deixam de boca aberta até hoje, a forma como ele "acompanha" os personagens e os dá vida. Deu forma às idéias de Sagan, que morreu durante as filmagens, e os melhorou. Claro, com a ajuda do competente elenco, encabeçado pela ótima Foster e pelo Matthew McConaughey, a então promessa de Hollywood. Tendo ainda Angela Basset, William Hurt e James Woods. Não tinha como falhar.

Contar a história de uma cientista que consegue captar um sinal de vida vindo de outro ponto da galáxia, e que consegue interpretar essa mensagem e descobrir nela o projeto de uma máquina que pode transportar humanos para outro ponto do Universo, entrando em contato com vida inteligente fora da Terra... uma história criativa e envolvente, até pelo desafio ciência x fé, encarnado no personagem de McConaughey, um teólogo com quem a personagem de Foster se envolve. Mas mais que isso: o filme também trata de perseverança, de alcançar seus objetivos e seus sonhos mesmo quando tudo está contra, como faz a Jodie Foster nesse filme. E também não responde a perguntas como 'Será que estamos sozinhos?', mas sim nos coloca outras, como 'Por que estamos aqui?'. Fascinante, perfeito.

Tecnicamente competente, o filme teve apenas uma indicação ao Oscar, de melhor som, em 1998, e uma indicação a melhor atriz no Globo de Ouro. Injusto. Deveria ter mais indicações técnicas, até mesmo em efeitos visuais, que Zemeckis sabe usar tão bem, sem exageros. E a linda trilha sonora de Alan Silvestri. Independente disso, "Contato" já tem um lugar de honra na minha [cada vez maior] coleção de DVDs, até por me jogar nas lembranças de um passado muito interessante, onde eu estava descobrindo tudo sobre o cinema e sobre a vida. E, além disso, depois de comprar e rever o filme, tive ainda mais certeza de que, se não houver vida inteligente fora da Terra, será realmente um tremendo desperdício de espaço.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Chuva, Crianças e o Cavaleiro Negro


A noite de ontem, quinta-feira, estava chuvosa e terrivelmente fria, com aquele ar de inverno esquisito que só tem aqui no interior. Não tem como explicar: é o típico dia interiorano, com todos usando guarda-chuvas coloridos e casacos pesados, como se todos morassem na Europa. Cheguei do trabalho, e foi botar os pés em casa para meus sobrinhos virem me encontrar na porta, perguntando se eu não ia no cinema com eles. Eu tinha me esquecido! Não fiquei animado em pegar chuva no caminho, mesmo o cinema estando a 10 minutos à pé da minha casa. Mas quando eles disseram que filme queriam assistir, aproveitei para unir o útil ao agradável. Eles estavam afim de ver o novo filme do Batman. E eu tava afim de rever.

E pronto. Pro inferno com a chuva.


Eu já tinha assistido o filme em sua estréia, mas fiquei tão entusiasmado que achei que era fogo-de-palha. Precisava ver de novo para confirmar. Peguei meu chapéu - sim, uso chapéu, ainda vivo nos anos 30 - e enfrentei ventos e tempestades (literalmente!), para entrar e rever o filme, para poder me julgar capaz de escrever minha opinião sobre o que se passa naquelas quase duas horas e meia de projeção, sem cair na chatice da maioria dos críticos, que aliás, andam usando muitos clichês para definir o que poderia ser resumido numa palavra apenas: perfeito.

Sim, perfeito. The Dark Knight não é menos que perfeito, em todos os aspectos. Christopher Nolan entrega a nós, espectadores, não um filme qualquer, mas uma experiência singular. A começar a falta de créditos inciais: o filme nem se apresenta e vai nos enfiando numa cena incrivelmente pensada e escrita, e eu consegui reconhecer o William Fitchner ali fazendo uma ponta. Daí em diante, quase não se tem tempo para respirar. E, oh!, nem é por causa das cenas de ações, que não são a tônica desse filme, mas sim pela construção de personagens.


Diziam que Nolan era excelente para dar humanidade aos personagens dos filmes que dirige. Isso eu já tinha falado também quando vi Insônia, aquele com o Al Pacino e Robin Williams. E The Dark Knight talvez seja o seu auge nesse sentido. Até o menor coadjuvante tem uma profundidade palpável, que faz com que a gente acredite nele, e não como num Rick O'Connor, por exemplo, para citar um recém-lançado (A Múmia 3, n'outro dia falo sobre esse filme), que soa falso. Se com o policial que aparece menos de 5 minutos na tela é assim, o que dizer dos principais?


Christian Bale faz seu trabalho, contruindo um Batman incorruptível e um Bruce Wayne cheio de amargura e dúvidas, como deveria ser desde o início; Maggie Gyllenhaal salva a personagem que era o ponto fraco de Batman Begins, dando a Rachel Dawes muito mais do que um rosto bonito; Morgan Freeman aparece pouco, assim como Michael Caine, mas nem precisam de muito tempo na tela para cativar o público. Entre outros. Mas é preciso destacar três atores.

a) Gary Oldman. Sou fã desse cara faz muito tempo, desde que vi - acreditem - O Quinto Elemento. Depois fui procurar outras coisas dele, fiquei ainda mais pasmo com o talento dele. E aqui, ele contruiu um tenente Gordon nada fantasioso, com os pés no chão, que sofre com a corrupção de seu departamento, sem saber em quem confiar, e seu dilema familiar, o trabalho sobrepondo a família, caso típico hoje em dia.
b) Heath Ledger. Muito se fala dele, mas muito disso é por ser o último trabalho dele, morto em 22/01 desse ano. E sendo assim, posso afirmar que ele deixa um "testamento cinematográfico", por assim dizer, irretocável. O Joker que ele montou tem todos os tiques e manias de um psicopata, diferente do risonho e divertido Joker de Jack Nicholson. Anárquico até o último fio de cabelo verde, não tem origem não tem nada. E nem se interessa em ser verdadeiro (como se vê quando ele fala da origem de suas cicatrizes). Foi bem escrito, foi bem interpretado. Logicamente merece a indicação póstuma ao Oscar e, se não aparecer nada tão brilhante até o fim do ano, torço por ele para ganhar o prêmio.
c) Aaron Eckhart. Por causa do brilhantismo de Ledger, pouco tem se falado de Harvey Dent, o "cavaleiro branco". Na minha humilde opinião, se o intérprete do Coringa deve ser indicado aos prêmios máximos e ganhar, o intérprete de Dent deve no mínimo receber indicações, pois é o mais complicado de todos em The Dark Knight. Fiquei profundamente comovido com ele, pela descontrução da persona boa e perspicaz do promotor público em seu trágico destino. Eckhart dá um show à parte, mostrando toda a coragem e determinação de Dent na luta contra o crime organizado sem fraquezas, foi com ele que eu realmente me liguei.


Eu poderia escrever tanto que daria para preencher várias laudas, mas prefiro parar por aqui. A lembrança da fria noite de quinta, dentro da sala de cinema, eu tenho certeza que ficará na minha memória por muito tempo, assim como o filme em si (pra mim também é a melhor adaptação de quadrinhos já feita até hoje) e a cara embasbacada das crianças ao meu lado, mesmo com as legendas que eles tanto odeiam. Isso acaba provando que The Dark Knight é um filme forte, que hipnotiza quem o assiste de tal forma que uma simples diversão acaba se transformando numa experiência única.

sábado, 2 de agosto de 2008

Os ratos estão entrando!




Eu realmente queria comentar o The Dark Knight, mas o medo de estar sendo levado pelo entusiasmo é maior que a minha vontade de colocar aqui tudo o que eu achei sobre esse magnífico filme (pelo menos isso posso adiantar e ter certeza de que não é fruto de minha mente delirante), portanto vou rever o filme amanhã e nos próximos dias eu coloco o texto sobre ele aqui. Acho até melhor, para poder pensar melhor em quais adjetivos vou usar. ;D

Enquanto esse dia não chega, fiquei aqui pescando na minha memória algum assunto pra tratar aqui no blog, nesse que é o primeiro post oficial da minha retomada (o anterior foi uma apresentação, não conta, né). Passei o dia tentando achar um assunto. Para meu desespero, não achei nada. Pelo menos nada de interessante, a não ser que você gostasse de ler anedotas de baixo calão que meus irmãos vivem trocando na sala, quando meu pai não tá por perto.

Até alguns minutos atrás eu não sabia ainda sobre o que escrever, quando me lembrei de que precisava dar um jeito nos ratos que estavam migrando do extenso pomar do vizinho para o pequeno quadriculado que é o quintal da minha casa. Não que minha casa tenha ratos, mas o quintal está tendo por causa das árvores frutíferas, legumes e verduras plantados bem atrás do meu quarto - e que infelizmente não são meus. E rato me lembrou de um determinado ratinho azul, o Rémy. E pronto!, me lembrei que não havia escrito nada sobre Ratatouille.

Okay, eu sei que o filme já saiu em DVD e tudo o mais, ganhou seu merecido Oscar de Animação nesse ano e infelizmente perdeu o prêmio de Roteiro Original. Eu torcia fervorosamente para Brad Bird levar, mas a Diablo Cody, a Charlie Kaufman do ano, levou a melhor. Tudo bem. Nada tira o brilho desse que é o segundo melhor filme da Pixar até agora. E aí você pergunta: por que segundo? Qual o primeiro? E eu respondo: Calma, vamos por partes.

Ratouille é um filme genial desde a abertura até os créditos finais. Até o dia em que finalmente consegui ver esse filme, numa das últimas sessões antes de sair de cartaz, Procurando Nemo ocupava o lugar de "melhor filme de animação da Pixar", mas já saí da sala com a certeza de que Merlin, Dory e companhia tinham cedido, generosamente, seu lugar no topo da minha lista para o inigualável ratinho e sua história fantástica. Creio não precisar explicar do que se trata o filme, pois é de conhecimento geral que Ratatouille conta a história de Emile, um rato que quer se tornar chef de cozinha em plena Paris e para isso conta com a ajuda de um desacreditado ajudante de um restaurante famoso mas que está em descrédito por conta de seu atual chef, capitalista que quer tornar o negócio num fast-food à exemplo americano. Basta saber disso.

Na minha cabeça, só vem aqueles adjetivos grandiosos, no estilo "magnífico!", "fantástico!" e outras coisas com ponto de exclamação na frente. Mas é preciso tirar os pés das nuvens, ser realista. E, sendo realista então, afirmo que Ratatouille é uma animação sem erros, sem os furos que seus iguais vem apresentando. Nesse mundo nosso onde nada se cria e tudo se copia (vide Shrek), é um sopro de esperança ver que ainda há roteiristas empenhados em entregar uma história vívida, de uma criatividade exorbitante e que visivelmente foi feito com empenho e dedicação pelo mesmo Brad Bird realizador de Os Incríveis - que pra mim é bem inferior. Mas um dos papéis principais desse longa vem do enigmático e fechado crítico culinário Antom Ego, e que a determinada altura do filme faz um discurso sobre o ofício de ser crítico, seja do que for. Apaixonante. Mas não mais apaixonante do que Rémy, tão simpático aos nossos olhos quanto o Gato de Botas vindo da franquia Shrek. Em suma, num pensamento bem simplista, é uma aula de como não desistir de seus sonhos, e de como uma coisa feita com dedicação pode despertar os melhores sentimentos nas pessoas, assim como na culinária, assim como no filme.

Pode ser atrasado, sim, pois praticamente todo mundo comentou sobre Ratatouille. Mas quero deixar registrado aqui que em meu top 5, esse já tem lugar garantido na vice liderança. E agora sim, posso explicar o porque da segunda colocação: é que dias atrás, vi Wall-E. E mais uma vez a Pixar se supera. O que é inegavelmente bom pra empresa, e muito melhor pra gente, espectadores atentos dessa verdadeira fábrica de genialidades.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Quem eu sou e a que venho



Eu criei esta página faz algum tempo, depois de um dos meus grandiosos devaneios utópicos em que eu sempre imaginava que ia fazer uma coisa maior do que ela realmente poderia ser. Eu explico: de repente achei que eu poderia voltar ao mundo blog depois de fazer um relativo sucesso um tempo atrás (ter 50 comentários em cada post, sendo dois posts por dia, é um sucesso? Até hoje não sei.), aí já queria fazer um site, um site que falasse sobre cinema. Aí eu fui deixando a idéia maturar tanto que de repente virou site, comprei o domínio e tudo o mais. Aí não era mais site de cinema, era site de variedades. Depois, virou site de variedades e notícias relacionadas a cultura. E a coisa foi crescendo.


E assim, num belo dia, enjoei de tudo e voltei pra minha vida.


Só que essa alma de quem não consegue parar de escrever não me deixa em paz, tenho problemas quando deixo de escrever - aliás, tenho problemas desde sempre, escrevendo ou não, dizem que sou louco, mas louco é quem me diz, e não é feliz etc - e acho que tenho a mesma síndrome do Luis Fernando Veríssimo, que não consegue ficar um dia sem ler alguma coisa. Leio muito. Aí dá que eu me inspiro e venho descontar em quem aparece primeiro. Nesse caso, em você que está lendo essa baboseira toda agora.


Não pretendo, com esse meu centésimo décimo terceiro blog, algo mais do que aliviar a pressão que a minha caixa craniana faz para analisar textualmente as coisas que vejo. Não pretendo ser um blog da moda e lançar um livro, como a coleguinha Bruna Surfistinha fez. E nem pretendo voltar a ter 50 comentários em cada post e ter minha vida virada ao avesso por causa de uma pseudofama repentina, como foi em 04/05; quero apenas deixar aqui registrado o que eu sinto e o que eu vejo, no que diz respeito a cinema e música, e não querendo influenciar a idéia de quem me lê, mas sim abrir um espaço para a discussão de idéias. Afinal, se todo mundo pensasse igual esse nosso mundo seria mais chato do que já é.


Enfim. Me chamo Luiz, prazer em conhecer você que certamente entrará aqui e lerá meu texto. 22 anos, capiau nascido no interior de São Paulo, tem sotaque caipira e não sabe nada de matemática. Estou para montar uma empresa de cinematografia junto com 4 sócios, mas a coisa tá enrolada no momento - eu disse que sou teimoso? - e espero que não me ache arrogante ou grosseiro, às vezes posso parecer mas é sem intenção, juro. Não sou crítico de nada, apenas gosto de ficar opinando. Mas sobre esses lances culturais, de fofoca eu tô fora, falar da vida dos outros não leva a nada, não é mesmo? Se ainda tem interesse em ver meu passado blogueiro, veja em Under Pressure , que foi o primeiro; o Under Pressure pt. II, a missão; o sítio de contos escritos com coleguinhas em Escrevinhadores e, para encerrar a parte escrita, pensamentos esparsos em Subconsciente Ligado. Tem ainda o fotolog, o orkut e o myspace, essas baboseiras que a gente vicia na internet. Acho que isso dá a você, caro/a coleguinha, a dimensão do que eu sou, do que posso vir a ser.


E acho que é só.
Espero de verdade permanecer ligado aqui por um tempo, para comentar as coisas com vocês, e abrir um leque de possibilidades para que vocês possam atirar seus tomates virtuais à vontade naquilo que desejarem no ramo de cinema, música, teatro e afins.


Afinal, aquele que nunca viu um filme ruim que atire o primeiro tomate.