sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Chuva, Crianças e o Cavaleiro Negro


A noite de ontem, quinta-feira, estava chuvosa e terrivelmente fria, com aquele ar de inverno esquisito que só tem aqui no interior. Não tem como explicar: é o típico dia interiorano, com todos usando guarda-chuvas coloridos e casacos pesados, como se todos morassem na Europa. Cheguei do trabalho, e foi botar os pés em casa para meus sobrinhos virem me encontrar na porta, perguntando se eu não ia no cinema com eles. Eu tinha me esquecido! Não fiquei animado em pegar chuva no caminho, mesmo o cinema estando a 10 minutos à pé da minha casa. Mas quando eles disseram que filme queriam assistir, aproveitei para unir o útil ao agradável. Eles estavam afim de ver o novo filme do Batman. E eu tava afim de rever.

E pronto. Pro inferno com a chuva.


Eu já tinha assistido o filme em sua estréia, mas fiquei tão entusiasmado que achei que era fogo-de-palha. Precisava ver de novo para confirmar. Peguei meu chapéu - sim, uso chapéu, ainda vivo nos anos 30 - e enfrentei ventos e tempestades (literalmente!), para entrar e rever o filme, para poder me julgar capaz de escrever minha opinião sobre o que se passa naquelas quase duas horas e meia de projeção, sem cair na chatice da maioria dos críticos, que aliás, andam usando muitos clichês para definir o que poderia ser resumido numa palavra apenas: perfeito.

Sim, perfeito. The Dark Knight não é menos que perfeito, em todos os aspectos. Christopher Nolan entrega a nós, espectadores, não um filme qualquer, mas uma experiência singular. A começar a falta de créditos inciais: o filme nem se apresenta e vai nos enfiando numa cena incrivelmente pensada e escrita, e eu consegui reconhecer o William Fitchner ali fazendo uma ponta. Daí em diante, quase não se tem tempo para respirar. E, oh!, nem é por causa das cenas de ações, que não são a tônica desse filme, mas sim pela construção de personagens.


Diziam que Nolan era excelente para dar humanidade aos personagens dos filmes que dirige. Isso eu já tinha falado também quando vi Insônia, aquele com o Al Pacino e Robin Williams. E The Dark Knight talvez seja o seu auge nesse sentido. Até o menor coadjuvante tem uma profundidade palpável, que faz com que a gente acredite nele, e não como num Rick O'Connor, por exemplo, para citar um recém-lançado (A Múmia 3, n'outro dia falo sobre esse filme), que soa falso. Se com o policial que aparece menos de 5 minutos na tela é assim, o que dizer dos principais?


Christian Bale faz seu trabalho, contruindo um Batman incorruptível e um Bruce Wayne cheio de amargura e dúvidas, como deveria ser desde o início; Maggie Gyllenhaal salva a personagem que era o ponto fraco de Batman Begins, dando a Rachel Dawes muito mais do que um rosto bonito; Morgan Freeman aparece pouco, assim como Michael Caine, mas nem precisam de muito tempo na tela para cativar o público. Entre outros. Mas é preciso destacar três atores.

a) Gary Oldman. Sou fã desse cara faz muito tempo, desde que vi - acreditem - O Quinto Elemento. Depois fui procurar outras coisas dele, fiquei ainda mais pasmo com o talento dele. E aqui, ele contruiu um tenente Gordon nada fantasioso, com os pés no chão, que sofre com a corrupção de seu departamento, sem saber em quem confiar, e seu dilema familiar, o trabalho sobrepondo a família, caso típico hoje em dia.
b) Heath Ledger. Muito se fala dele, mas muito disso é por ser o último trabalho dele, morto em 22/01 desse ano. E sendo assim, posso afirmar que ele deixa um "testamento cinematográfico", por assim dizer, irretocável. O Joker que ele montou tem todos os tiques e manias de um psicopata, diferente do risonho e divertido Joker de Jack Nicholson. Anárquico até o último fio de cabelo verde, não tem origem não tem nada. E nem se interessa em ser verdadeiro (como se vê quando ele fala da origem de suas cicatrizes). Foi bem escrito, foi bem interpretado. Logicamente merece a indicação póstuma ao Oscar e, se não aparecer nada tão brilhante até o fim do ano, torço por ele para ganhar o prêmio.
c) Aaron Eckhart. Por causa do brilhantismo de Ledger, pouco tem se falado de Harvey Dent, o "cavaleiro branco". Na minha humilde opinião, se o intérprete do Coringa deve ser indicado aos prêmios máximos e ganhar, o intérprete de Dent deve no mínimo receber indicações, pois é o mais complicado de todos em The Dark Knight. Fiquei profundamente comovido com ele, pela descontrução da persona boa e perspicaz do promotor público em seu trágico destino. Eckhart dá um show à parte, mostrando toda a coragem e determinação de Dent na luta contra o crime organizado sem fraquezas, foi com ele que eu realmente me liguei.


Eu poderia escrever tanto que daria para preencher várias laudas, mas prefiro parar por aqui. A lembrança da fria noite de quinta, dentro da sala de cinema, eu tenho certeza que ficará na minha memória por muito tempo, assim como o filme em si (pra mim também é a melhor adaptação de quadrinhos já feita até hoje) e a cara embasbacada das crianças ao meu lado, mesmo com as legendas que eles tanto odeiam. Isso acaba provando que The Dark Knight é um filme forte, que hipnotiza quem o assiste de tal forma que uma simples diversão acaba se transformando numa experiência única.

3 comentários:

Renato disse...

!!

oi tomates! kir/ kir/ kir/

ok, comentários pessoais eu digo por msn. aqui vou me limitar a dar a minha opinião sobre o filme huahua

então, o que eu gostei desse filme é que ele é... novo! quero dizer, ele tem toda uma pose de blockbuster (é esse o nome?) dos anos 80/90, mas de um jeito totalmente reinventado. eu sou ruim com palavras, mas é mais ou menos isso que eu quero dizer auhhuahuahuahu.

Anônimo disse...

Excelente texto Luis!
O Cavaleiro das Trevas é uma obra-prima do gênero e é mesmo sublime em todos os aspectos. O elenco ta mesmo chave e essêncial. Também assisti ele duas vezes no cinema. Valeu a pena. =D

E sim, valeu pelo link ali ao lado. xD

Ciao!

Gustavo H.R. disse...

Sim, TFK é um filme forte. Em dias de tantas produções descartáveis, feitas para serem assistidas e logo depois esquecidas, essa é uma característica louvável.
Justíssima a idéia de destacar os pontos altos do elenco separadamente, fazendo jus à excelência do sempre subestimado Gary Oldman. E a ponta do Fichtner foi surpreendente e legal.
Mas ainda assim, não acho um dos melhores filmes de todos os tempos, mas do ano, certamente.