sábado, 25 de abril de 2009

Ensaio sobre Presságio, ou "Ah, se eu tivesse previsto..."

Presságio, estréia deste mês, seria excelente, se tivesse uma proposta.
O problema é que ele não tem só uma. Ele tem uma dezena de propostas.

Quando a história começa a se desenrolar, vemos um colégio americano comum dos anos 50. Tudo tão limpinho, tão brilhante e tão colorido que parece que entramos na sessão errada e paramos no meio de uma continuação de Hairspray – a não ser quando somos presenteados com uma estranha, pálida e assustadora garota, Lucinda Embry. Quem chutou O Chamado acertou em cheio: até as longas madeixas negras estão ali, um verdadeiro enxerto de terror oriental.

Mas tudo bem. Vemos que essa garota cumpre a premissa e é mesmo digna de um freak show: a escola está promovendo a criação de uma “cápsula do tempo”, um recipiente onde colocarão cartas e desenhos de todas os alunos e pretendem abri-lo só no 50º aniversário do estabelecimento, e a menina não tarda a entregar um papel cheio de uma enorme sequência de números. Lista essa que será encontrada pelos protagonistas – Bingo! Nos dias atuais.

John Koestler (Nicolas Cage) é um viúvo que tenta levar uma vida normal com seu filho único, Caleb (Chandler Canterbury). Os dois possuem uma relação amigável, e, quando a escola de Caleb comemora seu quinquagésimo aniversário (lembra?), ele surrupia um dos envelopes que estava na cápsula. Exatamente aquele dos números.

Aparentemente sem muito o que fazer, John analisa o papel e, de algum modo, descobre uma padronização neles que revela que, ao invés de ser uma simples cartinha escrita por uma criança excêntrica, aquilo é na realidade uma lista de vários acidentes com grande número de vítimas dos últimos cinquenta anos. E, além de perceber que a tal Lucinda Embry era uma mãe Diná versão Mini-Me, ele vê que alguns acidentes acontecerão... dali a alguns dias.

É uma premissa clichê, mas poderia funcionar bem. O problema é que, daí pra frente, o longa passa a misturar uma quantidade tão grande de estilos diferentes – entre eles “Filme sobre Catástrofe”, “Filme de Suspense”, “Filme de Terror”, “Filme de Ficção Científica” e até mesmo “Filme com Conotação Religiosa” (!) – que acaba não tecendo um ambiente próprio. A impressão que se dá é a de um filme diferente atrás do outro, e isso acaba fazendo com que não criemos um laço ou identificação com os personagens.

Quanto às atuações não há muito o que falar: as crianças cumprem seu papel e Cage está, como sempre, fazendo o mesmo personagem taciturno mas com um coração frágil escondido. Os efeitos especiais são um ponto a favor, já que certas cenas, especialmente as de catástrofe, são muito bem executadas – quando o filme joga o espectador no meio de uma queda de avião é realmente um take de tirar o fôlego.


Porém, no fim das contas, a película acaba e ficamos com uma enorme interrogação na cabeça. Afinal, qual a mensagem disso tudo? Será que há uma?
Finalizando, ao invés de assistir a um Frankenstein mal-costurado, talvez seja mais eficiente alugar um filme de cada gênero por vez. Isso gerará muito mais diversão e, por que não, algo no que pensar: essa não é a maior dádiva do cinema?