segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sobre sustos à la carte ou Evocando Espíritos

Entrei naquela sessão sem muitas esperanças. O trailer, a sinopse e o cartaz do filme, todos indicavam a mesma coisa: mais um terrorzinho da nova-geração, outra repetição de tudo que já foi contado antes – e de modo mais assustador. De certa forma, a película segue, sim, este pré-roteiro. Mas até que não se deve falar tão mal dela, no fim das contas.

A trama inicia-se de modo até que original: o garoto Matt (Kyle Gallner), um jovem que sofre de câncer, tem de percorrer com a mãe vários quilômetros de viagem da casa da família até o hospital especializado, horas essas que lhe causam crises intensas de desconforto e náusea.
Compadecida pelo estado do filho, a mãe Sara (Virginia Madsen) decide procurar uma casa para alugar próxima à localidade do hospital. Descobre então, por uma pechincha, uma certa casa [clichê] grande, fria e escura [/clichê] e, mesmo desconfiando do lugar, assina o contrato na mesma noite.

A primeira metade de Evocando Espíritos funciona bem e é, realmente, de gelar os ossos. Isso porque mexem com medos que sempre passam pelas nossas cabeças (embora nunca mencionemo-os!), como ver uma silhueta ao desligar a TV ou observando-nos da janela. Porém, logo a trama envereda por um caminho muito típicos dos thrillers enlatados de hoje: cenas de susto provocadas pelo súbito aumento dos efeitos sonoros e por uma imagem grotesca surgindo na tela. E essa tática figura tantas vezes no filme que torna-se cansativo – chega um ponto em que você simplesmente se cansa de ver aquela repetição de gritos que não tem valor nenhum para o enredo.

Outro ponto que não convence é a doença de Matt. Em um momento chega-se a especular que seu estado é tão crítico que ele não possui mais do que algumas horas de vida, mas isso não impede-o de correr pela cidade, dar machadadas em móveis alheios e nem de quebrar todo um cômodo sozinho. Vai entender esses hormônios da adolescência, não é?
E sim, além da locação, há muitos outros clichês do gênero espalhados pela história: inclua larvas em buracos escuros onde o protagonista tem de colocar a mão, salas trancadas e misteriosas, alçapões e até mesmo quartos com espelhos enigmáticos. Parece que a equipe andou estudando a fundo as casas mal-assombradas da Disney!


No fim das contas, se você é uma dessas pessoas que adoram levar um susto, vale a pena assistir a Evocando. Porém, se você busca um terror que aprofunde-se mais na história (ainda mais uma verídica, como o filme é vendido), é mais aconselhável que procure os clássicos do horror que roubaram tantas noites de sono de algumas décadas pra cá. Fica a dica.

2 comentários:

Anônimo disse...

E ae!

Bom, como não temos muitas opções no cinema esses dias talvez esse terror-cliche seja uma boa pedida mesmo!

Abraço.

Gustavo H.R. disse...

Os filmes que assustam profundamente, não apenas se apoiando em sustos, são mais satisfatórios para quem quer algo mais que entretenimento passageiro.
Pena saber que EVOCANDO ESPÍRITOS não faz parte desse grupo, porque os trailers e cartazes eram bem interessantes.

Cumps.